Gostaria de acreditar nas pessoas, de uma forma verdadeira e definitiva. A um tempo atrás acreditava, sim...mas depois de tantas decepções, comecei a ver, que quando acreditei nas pessoas, não via e nem vivia a vida de uma forma real. Isso tudo me levou ao encontro dos animais. Me dedico a eles a quase 10 anos. De um tempo pra cá, quis retomar a minha relação com a minha própria raça. Quis ver até onde estava sendo extremista demais em julgar tudo perdido. Algumas pessoas ficam encantadas com a minha dedicação e amor pelos animais, outros me acham louca. Faz parte julgar...simplesmente, julgar. Enviei emails pra muitas pessoas pedindo colaboração para ajudar os animais, muitas mesmo. Tenho tantos contatos...tantas pessoas dizem me admirar e admirar o que faço. Quis dar a oportunidade pra que elas também fizessem algo, fizessem parte de um mundo maior do que o elas vivem. Assim como eu estava me dando a oportunidade de retomar a minha crença na raça humana. Mas, de nada adiantou. Tá todo mundo tão voltado pra si próprio, para os seus problemas que não conseguem ver nada além disto. Mais uma vez, me decepciono. O que os faz agir desta forma pode ser medo, desconfiança, egocentrismo, não querer se comprometer, descaso...sei lá. Não vou julgar. Tô cansada de ser julgada, não farei o mesmo. Sei que existe um valor pra pessoas, e este valor é o dinheiro...o resto...é resto. A maioria não está afim de fazer alguma coisa para um mundo melhor, de se deixar levar pelo olhar de um animal, pela beleza de uma árvore, de querer fazer algo maior do que faz...de enxergar além do seu mundinho.
Como eu posso me fazer entender por pessoas que não são capazes, sequer, de compreender o olhar de um animal? Sentir é a mais pura e primitiva das ações. Enquanto o homem não tiver esta elementar capacidade, estará tropeçando em discursos culturais vazios para explicar seus atos egocêntricos.
Foto de Helo Bortz
Lelê Saleh com a Dorinha na Praia do Tombo/Guarujá/SP